Identidade
Nunca se está contente com o que se tem
É tempo de desejar o diferente!
De fazer desaparecer o que se faz onipresente.
A altura quer ser baixa
A magreza quer um pouco de carne
A beleza almeja um corpo franzino
A vida quer um toque de arte.
O colorido quer o preto e branco
O escuro solicita o claro
O salto virar uma sola de sapato.
Ou será que é tudo ao contrário?
O amor implora o ódio
O novo sente saudade do bom e velho usado
A dignidade do herói inveja a simplicidade do rapaz
O século vinte e um quer o trinta (ou voltar atrás).
O mundo sonha ser consertado
O cd quer tornar-se rádio
O celular, o bege e redondo telefone do vô Conrado
O risotto, um arroz temperado.
Ou será que é tudo ao contrário?
A letra feia, tentar curar-se num caderninho de caligrafia
Aquela madrinha desaparecida bem que podia ser uma boa tia
E a noite? Por que não ser só dia?
Tudo anda muito às avessas
Num planeta de ilusão
Vai-se o essencial
Perde-se o temporal
Recobra-se a razão
E acaba-se sem o M na palma da mão.
Ana Cláudia da Freiria.
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